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terça-feira, 21 de junho de 2011

Mosqueiro: bucolismo e delícias culinárias - Orgulho do Pará


A ilha de Mosqueiro não se resume aos 17 quilômetros de praias de rio, água doce, banhadas por baías e cujas ondas se assemelham às de praias oceânicas. Também não se limita a um balneário procurado por foliões na época do Carnaval e por centenas de milhares de veranistas no mês de julho. Mosqueiro, “Bucólica” para os “experientes” ou, ainda, “Moscow” para os mais jovens, dista apenas 70 quilômetros, por rodovia, do centro de Belém, mas, apesar de não mais ter a paisagem original de algumas décadas atrás, ainda é o refúgio de quem busca tranquilidade e uma ligação mais estreita com a natureza.

Para quem aprecia ambientes mais calmos, uma das melhores pedidas, no Pará, é um giro pelo distrito durante a semana, sem hora para começar ou terminar. “Sou apaixonado por Mosqueiro desde antes mesmo de nascer. Quando estava na barriga da minha mãe, eu já adorava aquela ilha”, conta o médico, cineasta e crítico de cinema Pedro Veriano, amante declarado do distrito.

Há até aqueles que dizem que as comidas nas barracas ficam mais saborosas, entre segunda e sexta-feira. “Eu só conhecia a tapioquinha feita aqui no sábado e domingo. Acredite, a iguaria fica mais gostosa durante a semana”, conta o médico paranaense João Müller, de férias no Pará.

Müller ratifica uma das maiores tradições do Estado: o café da manhã regional, tomado na Praça Matriz da Vila, em uma das 20 barraquinhas padronizadas, bem em frente ao Mercado Municipal. Às cinco e meia da manhã, junto com os primeiros raios do sol, o cheiro do café com leite, da tapioca, do cuscuz, mingaus e sucos convidam os primeiros fregueses ao desjejum. Para os moradores da ilha, um orgulho: não há quem resista às delícias. “Vou lhe ser sincero. Até hoje não encontrei uma única pessoa, em visita a Mosqueiro, que tenha ficado indiferente a esse cardápio”, garante o pescador Júlio Silva.

Como resistir especialmente à tapioquinha, item mais que obrigatório na “dieta” do paraense? A origem da iguaria é indígena e, em seu formato de panqueca, crepe ou disco, conquistou chefs renomados que trataram de usar a criatividade para difundi-la como um prato conhecido em todo o Brasil.

Em Mosqueiro, assim como, de bate-pronto, se consegue descobrir a localização de praias famosas como Areião, Ponte, Bispo, Prainha, Farol, Chapéu Virado, Porto Arthur, Murubira, Ariramba, São Francisco e Carananduba ou das mais afastadas, a exemplo do Marahu, Cauará, Paraíso, Conceição, Anselmo, Bacuri, Fazendinha, Camboinha, Menino Jesus, Paissandu e Baía do Sol, o visitante logo se torna íntimo da hospitalidade nas barracas da Dora, Áurea, Noca, Nenê e Cirene.

Quanto mais cedo, mais fácil encontrar a iguaria envolta em folhas de bananeira, como determinou a tradição. À parte a tradição, que não pode ser ignorada, um cardápio de sabores exóticos é outro dos atrativos nas barraquinhas que, em julho, de acordo com os comerciantes, chegam a vender juntas, diariamente, três mil unidades do produto, ou 200kg de goma por mês.

Você já imaginou degustar uma tapioca de charque? E que tal uma tapioca sabor pizza? Para os adoradores de doces, tapioquinhas com recheio de côco, goiaba, cupuaçu, açaí, manga e taperebá são a melhor forma de começar o dia. “Experimente misturar açaí com charque. É inigualável o sabor”, diz o motorista Diego Torres.

“Aqui, quando o dia amanhece, já tem gente procurando o desjejum. Entre 5h30 e 22h graças a Deus não temos sossego. É claro que no fim de semana faturamos mais, entretanto, podemos atender melhor o cliente com mais calma durante a semana”, conta Dora Araújo, proprietária da “Tapiocaria da Dora” e que, há 30 anos, trabalha no local.


Comunidade é tema de filme

Uma lenda amazônica, mas contada com linguagem universal é o que propõe o curta “Matinta”, dirigido por Fernando Segtowick e estrelado pelos paraenses Dira Paes e Adriano Barroso. O filme teve como cenário, literalmente, o vilarejo de Caruaru, que dista 30 minutos de barco da área urbana de Mosqueiro.

Como figurantes, foram arregimentados os próprios moradores da vila. Todo o elenco, bem como a equipe técnica, é formado por paraenses. O filme foi realizado após seu projeto ser aprovado em edital, lançado em 2008, pelo Ministério da Cultura, para produção de curtas-metragens. Na sinopse, Dira interpreta Walkiria, personagem título que muda a rotina da pequena e isolada comunidade ao se envolver em um triângulo amoroso. O curta homenageia a localidade e todo o Pará, mostrando o cotidiano de uma população ribeirinha dedicada à retirada do açaí, extração do tucupi e fabricação de farinha de mandioca, bem como seus hábitos e crenças.


Por que se orgulhar?

A Ilha de Mosqueiro, do alto de seus mais de cem anos, vai muito além de um point badalado das férias de veraneio ou da folia de Momo. O balneário é refúgio para quem busca tranquilidade, durante a semana, a tapioquinha tradicional na Praça Matriz e também já foi descoberto por cineastas como espaço para locações externas de filmes, a exemplo do curta “Matinta”.










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Sexta-feira, 29/01/2010, 10:46h - Notícias